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2 de set. de 2011

Jejuando pela Recompensa do Pai - John Piper



Mateus 6.16-18
“Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. 17 Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, 18 para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (NVI).

INTRODUÇÃO

Carl Lundquist foi o presidente da Faculdade e Seminário Betel por quase 30 anos. Ele morreu há cerca de quatro anos de câncer de pele. Na última década de sua vida, dedicou uma grande quantidade de energia ao estudo e promoção da devoção espiritual pessoal e das disciplinas da vida cristã.
Ele até estabeleceu o que chamou de “Evangelical Order of the Burning Heart” [Ordem Evangélica do Coração em Chamas] e começou a enviar cartas de inspiração e encorajamento. Na carta de setembro de 1989, contou a história de como começou a levar a sério o jejum.
Comecei a considerar o jejum com seriedade como disciplina espiritual como resultado da minha visita ao dr. Joon Gon Kim em Seoul, Coréia. “É verdad,” eu perguntei, “que o senhor gastou 40 dias de jejum preparatório antes da cruzada evangelística de 1980?” “Sim,” ele respondeu, “é verdade.” O dr. Kim foi o responsável pela cruzada que esperava trazer um milhão de pessoas à praça de Yoido. Mas, seis meses antes, num encontro com a polícia, o informaram que estavam revogando a permissão que lhe deram para a cruzada. A Coréia, naquele tempo, passava por uma desordem política sob a lei marcial. Os oficiais decidiram não se arriscar, tendo tantas pessoas reunidas no mesmo lugar. Então, o dr. Kim e participantes do grupo da cruzada se retiraram para um monte e ali passaram 40 dias diante de Deus, orando e jejuando pela cruzada. Depois, retornaram e se dirigiram ao posto policial. “Olha só!”, disse o oficial quando viu o dr. Kim, “nós mudamos de idéia e vocês podem fazer o seu encontro.”
Quando voltei para o hotel, refleti que eu nunca havia jejuado daquela forma. Talvez, eu nunca desejei o trabalho de Deus com a mesma intensidade… seu corpo é marcado pelos muitos jejuns de 40 dias, durante sua longa liderança do trabalho de Deus na Ásia. Por isso, também, eu nunca vi os milagres que o dr. Kim viu.
O dr. Lundquist passou a falar de um dos encontros do “Burning Heart” que ele estava dirigindo, quando viu um seminarista (quase formado) sem comer. Perguntou-o se estava tudo bem e descobriu que o jovem estava perto do final de um jejum de 21 dias, como parte de sua busca pela direção de Deus para o próximo capítulo de sua vida.
O doutor disse que nos anos seguintes de seu ministério, descobriu que um jejum modificado, uma vez por semana, era de muita ajuda na sua vida e trabalho. Escreveu em sua carta,
Em vez de levar uma hora para almoçar, uso esse tempo para me dirigir a um local de oração, geralmente numa sala próxima ao Seminário Teológico Betel. Ali, uso o meu horário de almoço em comunhão com Deus e em oração. Tenho aprendido uma dimensão muito pessoal no que Jesus declarou: “Uma comida tenho para comer, a qual vocês não conhecem.”

“QUANDO VOCÊS JEJUAREM” NÃO “SE VOCÊS JEJUAREM”

Um dos textos que moveu o dr. Lundquist naqueles anos seguintes de sua vida, será o que veremos nesta manhã, Mateus 6.16-18. O que o impressionou neste texto foram as palavras do versículo 16: “E quando jejuarem…” Ele percebeu como muitos outros que o texto não diz: “Se vocês jejuarem,” mas “quando vocês jejuarem.” Ele concluiu, como eu e a maioria dos comentaristas, que Jesus encarou o jejum como algo bom e que deveria ser praticado por seus discípulos. Isto é o que nós vemos em Mateus 9.15, quando o noivo será tomado e, então, os discípulos jejuarão.
Logo, Jesus não ensina sobre se devemos ou não jejuar. Ele toma por certo que jejuaremos e nos ensina como fazer isso, especialmente, como não fazer isso.

HIPOCRISIA: UM PERIGO NO JEJUM

Se o jejum for ser construído em nossas vidas como um modo de buscar toda a plenitude de Deus (Efésios 3.19), precisamos saber como não fazer isso. Isso incluiria orientações físicas sobre como não colocar nossos corpos em perigo, e o ensino espiritual sobre como não prejudicar nossas almas. No lado físico, desejaria passar para vocês em um pequeno papel, a avaliação de um médico que me orientou quando eu estava em Orlando, dezembro passado.
“Eles receberam sua plena recompensa”
Mas, mais importante que isso é a advertência de Jesus acerca do perigo espiritual do jejum praticado de uma forma errada. É sobre isso o nosso texto. Jesus nos adverte o que não fazer e, depois, o que fazer no lugar.
Ele nos adverte no versículo 16 a não sermos como os hipócritas: “Quando vocês jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando.” Os hipócritas, assim, são aqueles que praticam suas disciplinas espirituais “a fim de que os outros vejam.” Esta é a recompensa buscada por eles. Quem não se sentiria profundamente recompensado, ao ser admirado por sua disciplina, zelo ou devoção? Esta é a grande recompensa entre os homens. Poucas coisas dão mais gratificação ao nosso coração caído como ser engrandecido por nossas realizações, especialmente nossas realizações espirituais.
Jesus diz na última parte do versículo 16: “Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa.” Em outras palavras, se essa é a recompensa que você anseia no jejum, isso é o que você alcançará, mas será tudo o que alcançará. O perigo da hipocrisia é o seu completo sucesso. Ela deseja o louvor dos homens e o alcança. Mas isso é tudo.
Por que isso é hipocrisia?
Mas vamos perguntar o porquê isso é hipocrisia. Aqui você tem pessoas religiosas. Eles decidiram jejuar. Em lugar de esconderem que estão jejuando, deixam isso bem nítido. Por que isso é hipocrisia? Por que não é hipocrisia jejuar e arrumar o cabelo, lavar o rosto e não deixar que ninguém saiba que você está jejuando? A definição de hipocrisia não é fingir ser algo por fora diferente do que você é por dentro? Então, estes religiosos estão mostrando a realidade, certo? Eles são o oposto dos hipócritas. Eles jejuam e parecem pessoas que jejuam. Nenhum fingimento. Estão sendo reais! Se você jejua, pareça como alguém que jejua.
Mas, Jesus os chama de hipócritas. Por quê? Porque supõem-se que o coração que motiva o jejum seja um coração voltado para Deus. Isto é o que o jejum significa: um coração faminto por Deus. Mas a motivação do coração deles em jejuar demonstra um coração voltado para a admiração humana. Então, eles são abertos e transparentes acerca do que estão fazendo, mas esta mesma abertura e transparência é enganosa com respeito ao que experimentam. Se quisessem ser realmente transparentes, deveriam colocar uma indicação em volta de seus pescoços, dizendo: “A recompensa final que busco no jejum é o louvor dos homens.” Assim, não seriam hipócritas, mas seriam pessoas aberta e transparentemente vãs.
Deste modo, há dois perigos nos quais essas pessoas caem. Um é que estão procurando a recompensa errada no jejum, a saber, a estima de outros. Eles amam o louvor dos homens. E o outro é que escondem isso com um pretenso amor a Deus. Jejum significa amor a Deus — fome por Deus. Com suas ações, estão dizendo ter fome por Deus. Mas, por dentro, eles têm fome da admiração e aprovação de outras pessoas. Esse é o deus que os satisfaz.

UM MODO ALTERNATIVO DE JEJUM

Nos versículos 17 e 18 Jesus dá uma alternativa para este modo de jejum — o modo que ele deseja. Ele diz:
Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.
Ora, há todo o tipo de jejum público na Bíblia, incluindo o Novo Testamento. Por exemplo, Atos 13.1-3 e 14.23. Se alguém descobre que você está jejuando, você não peca com isso. O valor do seu jejum não é destruído se alguém percebe que você não compareceu ao almoço. É possível jejuar com outras pessoas — por exemplo: nosso grupo de apoio jejuando juntos num retiro para buscar ao Senhor — é possível jejuar assim, sem jejuar “a fim de que outros vejam.” Ser visto jejuando e jejuar para ser visto não é a mesma coisa. Ser visto jejuando é um mero acontecimento. Jejuar PARA SER VISTO é um motivo autoexaltador do coração.

O TESTE PROPOSTO POR JESUS DA REALIDADE DE DEUS EM NOSSAS VIDAS

Assim, Jesus nos dá uma instrução que avaliará os nossos corações. Ele nos diz que quando jejuamos, não devemos fazer nenhum esforço para sermos vistos. Na realidade, devemos fazer esforço em outra direção: não sermos vistos. Arrume seu cabelo, lave o seu rosto, a fim de que, tanto quanto possível, as pessoas nem sequer saibam que você está jejuando.
Mas, ele vai além disso e diz que o seu objetivo deve consistir em ser visto por Deus, não pelos homens. “Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.” Jejuar para ser visto por Deus em secreto.
O que Jesus faz aqui é testar a realidade de Deus em nossas vidas. Ó, como é fácil realizar tarefas religiosas quando outros estão olhando — pregar, orar, freqüentar a igreja, ler a Bíblia, atos de misericórdia e graça, etc. A razão para isso não é apenas o louvor que podemos receber, mas mais sutilmente o sentimento de que a verdadeira efetividade em nossas ações espirituais está no eixo horizontal entre as pessoas, não no eixo vertical com Deus. Se as crianças me vêem orando nas refeições, isso lhes fará bem. Se o grupo de apoio me vê jejuando, eles poderão ser inspirados a fazer o mesmo. Se meu colega de quarto me vê lendo a Bíblia, poderá ser motivado a lê-la. Em outras palavras, nós achamos que o valor de nossa devoção é o efeito horizontal sobre as pessoas quando elas nos vêem.
Agora, isso não é completamente mau. Mas o perigo é que tudo da nossa vida começa a ser justificado e entendido simplesmente no nível horizontal, pelos efeitos que isso pode ter naqueles que o presenciam. E assim, Deus pode se tornar uma pessoa secundária nas nossas vidas. Pensamos que Ele é importante porque todas estas realizações são aquelas que Ele deseja de nós. Mas Ele mesmo está saindo do quadro como o foco de tudo isso.
Jesus, portanto, testa os nossos corações para ver se Deus será nossa suficiência — quando ninguém mais sabe o que estamos fazendo. Quando ninguém está dizendo: “Como você está progredindo no jejum?”. Nenhuma pessoa sequer sabe — nenhuma, mas Deus sabe! Jesus nos chama para uma orientação radical sobre o próprio Deus. Ele nos empurra para ter um relacionamento real, incondicional, autêntico e pessoal com Deus. Se Deus não é real para você, será miserável suportar alguma dificuldade com Deus sendo o único que sabe. Tudo parecerá muito inútil, totalmente ineficiente porque toda a extensão de possibilidades horizontais será anulada, pois ninguém sabe o que você está experimentando. Tudo o que importa é Deus, quem Ele é, o que Ele pensa e o que fará.

A PROMESSA DE JESUS PARA AQUELES CUJO FOCO É DEUS

Isso nos traz para a última parte do versículo 18 e a promessa feita por Jesus sobre o que Deus fará para aqueles que se focam verticalmente nele e não precisam do louvor de outras pessoas para fazer sua devoção valer a pena. Ele diz: “Mas apenas seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.”
A palavra “repay” (reembolsar) na NASB (New American Standard Bible) é provavelmente um pouco mercenária demais. Sugere um negócio: fazemos o trabalho do jejuem e Deus nos paga com salários. Isso não é necessariamente implicado na palavra que simplesmente significa “dar de volta” ou “devolver.” Em alguns lugares isso pode ser dinheiro. Em outros, justiça. E, em outros, pode ser a resposta graciosa de Deus a um ato de fé e oração. Este último sentido é o que eu creio ser a idéia aqui.
Deus nos vê jejuando. Ele vê que temos um profundo desejo de nos colocarmos em jejum. Vê que o nosso coração não está buscando os prazeres ordinários da admiração e do aplauso humanos. Vê que agimos, não baseados no poder de impressionar outros com a nossa disciplina, mas baseados na nossa fraqueza, a fim de expressar a Deus nossas necessidades e nosso grande desejo de que Ele aja. Quando vê isso, Ele responde. Temos visto Ele agindo nestas últimas semanas de jejum de alguns modos notáveis. Pessoas fechadas para receber o evangelho, tornando-se acessíveis. Outros, indispostos para se reconciliarem, abrindo-se para isso. Alguns, desinteressados e indiferentes, despertando-se para a grandeza de Deus e Sua salvação.

QUAL É A “RECOMPENSA” QUE JESUS PROMETE?

Mas qual é a “retribuição” ou “recompensa” que Jesus promete do Pai aqui? Poderia ser “o louvor dos homens”? Faríamos de Deus um ingênuo, se tentássemos usá-lo como um atalho para alcançar o que realmente queremos no lugar dele, o louvor dos homens. Esta não é a recompensa que Ele dá.
Poderia ser dinheiro? O próprio versículo seguinte (v. 19) nos adverte contra ajuntar tesouros na terra e nos diz para ajuntarmos tesouros nos céus — onde não há o dinheiro terreno, mas apenas fé e amor.
Não, o melhor lugar para descobrirmos a recompensa pelo nosso jejum é olhar aqui para o Sermão do Monte (Mateus 5-7). Por exemplo, a oração que o Senhor Jesus acabou de nos ensinar a orar em Mateus 6.9-13 com três principais desejos: que o nome de Deus seja santificado ou reverenciado, que o seu reino venha, e que sua vontade seja feita na terra como no céu. Esta é a principal recompensa que Deus nos dá pelo nosso jejum. Jejuamos pelo desejo que o nome de Deus seja conhecido, respeitado e honrado, pelo desejo que seu governo seja estendido e consumado na história, e pelo desejo que sua vontade alcance domínio em todo o lugar com a mesma devoção e energia que os anjos, incansavelmente, mostram sem cessar no céu, para sempre e sempre.
Com certeza, Ele nos dá muitas coisas por meio do jejum. E não é errado buscar especificamente por ajuda em cada área de nossas vidas, por meio do jejum. Mas, estes três pedidos: santificar o Seu nome, buscar o Seu reino, e fazer a Sua vontade — nos darão o teste para vermos se todas as outras coisas que desejamos são expressões destas. Queremos nossos filhos e filhas salvos porque isso santificaria o nome de Deus? Desejamos que a Coréia do Norte se abra por causa do avanço do reinado de Jesus? Queremos líderes honestos no governo porque a vontade santa e revelada de Deus para a sua criação está em jogo? Queremos a Bethlehem [igreja local de John Piper] reavivada e despertada com o poder divino, amor e alegria, pois isso glorifica o nome de Jesus, estende seu reino e realiza a Sua vontade?
É para isso que Jesus nos chama: um jejum radicalmente orientado em Deus. Então, para o bem da sua alma, em resposta a Jesus, para o avanço do reino do grande Deus, mantendo o propósito de glorificar Seu nome, desfrute o jejum, arrume seu cabelo, lave o rosto e que o Pai, que o vê em secreto, veja você abrir com jejum o seu coração cheio de anseio por Ele. O Pai que vê em secreto está cheio de recompensas para a sua alegria e glória dEle.

O Juízo de Deus é Imparcial - John Stott - O Julgamento - Paulo Junior



O Juízo de Deus é Imparcial
por
John Stott


Comentário Sobre Romanos 2:12-16


O fato de que o julgamento de Deus será justo (de acordo com o que fizemos, Romanos 2:6-8) e imparcial (entre judeus e gentios, sem favoritismo, Romanos 2:9-11) é desenvolvido por Paulo agora em relação à lei mosaica, mencionada aqui pela primeira vez e que terá um papel proeminente no resto da carta.
Judeus e gentios parecem diferir fundamentalmente um do outro no fato de que os judeus ouvem a lei (Romanos 2:13), possuindo-a e ouvindo a sua leitura na sinagoga todo sábado, enquanto os gentios não têm a lei (Romanos 2:14). Esta não lhes foi revelada nem foi dada a eles. No entanto, insiste Paulo, pode ser que haja exagero nessa diferenciação. Afinal, não existe entre eles qualquer distinção fundamental no que diz respeito ao conhecimento moral que possuem (já que as exigências da lei estão gravadas em todos os corações humanos, 15), ou ao pecado que eles cometeram (desobedecendo a lei que conheciam), ou à culpa em que incorreram, ou ao julgamento que receberão.
O versículo 21 coloca os judeus e gentios na mesma categoria de pecado de mote. Paulo faz duas colocações paralelas, ambas começando com as palavras todo aquele que pecar. O verbo, no entanto, está no tempo aoristo e sua tradução deveria ser "todos os que pecaram" (hemarton), como se lê na tradução de Almeida. Paulo está resumindo a vida de peado deles sob a perspectiva do dia final. O argumento que ele apresenta é que todos os que pecaramperecerão ou serão julgados, indiferentemente de serem judeus ou gentios, isto é, quer tenham a lei mosaica, quer não. Todos os que pecaram sem lei (gentios), sem lei também perecerão (12a). Eles não serão julgados por um padrão que não conheceram. Perecerão em virtude do seu pecado, não por ignorarem a lei. De semelhante modo, todo aquele que pecar sob a lei (os judeus), pela lei será julgado (12b). Eles também serão julgados por um padrão que conhecem. Não haverá dois pesos e duas medidas: Deus será absolutamente justo em seu julgamento. Se pecou conhecendo a lei, ou se pecou ignorando a lei, o julgamento será de acordo com o pecado de cada um. "A base do julgamento são as suas obras; a regra do julgamento é o seu conhecimento" [19] e se eles viveram de acordo com tal conhecimento.Porque não são os que ouvem a lei que são justos ao olhos de Deus; mas os que obedecem à lei, estes são declarados justos (13). Esta é naturalmente uma afirmação teórica ou hipotética, já que nenhum ser humano chegou a cumprir totalmente a lei (cf. Romanos 3:20). Portanto não existe nenhuma possibilidade de salvação por esse caminho. Mas Paulo está escrevendo sobre o julgamento e não sobre a salvação. Ele está enfatizando que a própria lei não dava aos judeus garantida de imunidade no julgamento, como eles pensavam, pois importante não era ter a lei, mas obedecê-la.
Agora o mesmo princípio de julgamento de acordo com o conhecimento e o desempenho de cada um é aplicado, de forma mais completa, aos gentios. Dois fatos complementares a respeito dos gentios, são auto-evidentes. O primeiro é que eles não têm a lei (sc. de Moisés). Isso é afirmado duas vezes no versículo 14. Em termos de vida exterior, eles não a possuem. No íntimo, porém, têm algum conhecimento dos seus padrões - este é o segundo fato. Paulo refere-se a gentios que não têm a lei e que, no entanto, praticam naturalmente, instintivamente, o que a lei ordena (14b). O que ele está fazendo não é uma declaração universal a respeito dos gentios, mas simplesmente dizendo que às vezes alguns gentios fazem uma parte do que a lei requer. Este é um fato observável e comprovável, que os antropólogos vêem e comprovam em qualquer lugar que seja.
Nem todos os seres humanos são bandidos, vilões, ladrões, adúlteros e assassinos. Pelo contrário, existem muitos que honram seus pais, reconhecem a santidade da vida humana, são fiéis ao cônjuge, praticam a honestidade, falam a verdade e se contentam com o que possuem, tal qual se requer nos últimos seis dos dez mandamentos. Mas, então, como explicar esse fenômeno paradoxal, de que, apesar de não terem a lei, eles aparentemente a conhecem? A resposta de Paulo é que eles tornam-se lei para si mesmos, não no sentido popular (por sinal, muito errado) de que eles podem moldar a sua própria lei, mas no sentido de que o próprio fato de serem humanos se constitui em lei para eles. E por que isso? Porque Deus, ao criá-los, os fez pessoas morais e auto-conscientes; e eles demonstram, pelo seu comportamento, que as exigências da lei estão gravadas em seu corações (15a).
Assim é que, embora não possuam a lei em suas mãos, eles têm as exigências da lei em seus corações, pois Deus as colocou ali. Isso com certeza não pode ser tomado como uma referência à promessa da nova aliança de Deus, de pôr a sua lei na mente do seu povo e escrevê-la em seus corações, [20] conforme Barth, Charles Cranfield e outros comentaristas sugerem; afinal, o contexto inteiro é o de juízo, não de salvação. Paulo está se referindo, não à regeneração, mas à criação, ao fato de que "a obra da lei" (no sentido literal), as suas "exigências" (NVI), as suas "normas" (ARA), "a Lei" (BLH), suas "implicações" [21] foram escritas nos corações de todos os seres humanos pelo Criador. O fato de Deus ter gravado a sua lei em nossos corações através da criação significa que nós temos algum conhecimento dela. Quando, ao fazer de cada um de nós uma nova criatura, Ele escreve a sua lei em nosso coração, dá-nos também amor por ela e condições para obedecê-la.
Além disso, disto dão testemunho também as suas consciências (especialmente através de uma voz negativa e desaprovadora quando fazem o mal), ora acusando-os, ora defendendo-os (15b), como num julgamento no qual interagem a promotoria e a defesa. Paulo parece estar visualizando um debate no qual estão envolvidas três partes: nossos corações (onde foram escritas as exigências da lei), nossas consciências (incitando-nos e reprovando-nos) e nossos pensamentos (geralmente nos acusando, mas às vezes até nos provendo com desculpas).
Esta parte do texto termina com o versículo 16. Os versículos 14-15 parecem formar um parêntese (como está na NVI). Então o versículo 16 conclui o tema do julgamento, e a NVI indica isso ao acrescentar as palavras introdutóriasIsso acontecerá. Paulo alegou que nós não podemos escapar do juízo de Deus (1-4); que este será um julgamento justo (5-11), de acordo com as nossas obras, incluindo o alvo ou orientação fundamental de nossas vidas (o que nós "buscamos"); e que ele será imparcial no que toca a judeus e gentios (12-15). Em ambos os casos, quanto maior o nosso conhecimento moral, maior será a nossa responsabilidade moral. Agora ele apresenta mais três verdades sobre o dia do juízo, "o dia da ira de Deus" (5).
A primeiro é que o juízo de Deus abrangerá as áreas ocultas de nossa vida: Deus julgará os segredos dos homens. As Escrituras nos dizem, vez após vez, que Deus conhece os nossos corações. [22] Não há, portanto, a mínima possibilidade de que a justiça seja abortada no dia final, pois todos os fatos virão a público, inclusive aqueles que no presente não são conhecidos, como, por exemplo, as nossas motivações.
A segunda verdade é que o juízo de Deus irá realizar-se mediante Jesus Cristo. Jesus disse que o Pai lhe havia confiado "todo julgamento", [23] e ele sempre falava de si mesmo como uma figura central no dia do juízo. [24] Em Atenas, Paulo declarou que Deus tanto estabeleceu o dia como designou o juiz, [25] conforme Pedro já havia dito anteriormente a Cornélio. [26] É um grande conforto saber que o nosso juiz não será outro senão o nosso Salvador.
A terceira afirmação é que o juízo de Deus é parte integrante do evangelho. Deus julgará os segredos dos homens, escreve Paulo, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho (16). Isso provavelmente significa que a boa nova da salvação brilha em todo o seu esplendor quando vista em contraste com o sombrio contexto do juízo divino. Nós barateamos o evangelho quando o retratamos apenas como algo que nos liberta da tristeza, do medo, da culpa e de outras necessidades pessoais, ao invés de apresentá-lo como uma força que nos liberta da ira vindoura.[27]

NOTAS:
[19] Hodge, pg. 53.
[20] Jr 31.33; cf. 2 Co. 3.3.
[21] Dunn, vol. 38A, p. 100.
[22] P. ex. 1 Sm 16.7; Sl 139.1ss.; Jr 17.10; Lc 16.15; Hb 4.12s.
[23] Jo 5.22,27.
[24] P. ex. Mt 7.21ss.; 25.31ss.
[25] At 17.31.
[26] At 10.42.
[27] 1 Ts 1.10.



Fonte: STOTT, John. A Mensagem de Romanos. Trad. Silêda e Marcos D S Steuernagel. 1ed. São Paulo: ABU Ed., 2000. 528p.; pp. 94-98.

Para saber mais: http://www.abub.org.br/editora/livros/bibliafalahoje.htm 



Ensina-nos a Orar - Paulo Cesar Bornelli - Orando Para Salvar - Paulo Junior



Ensina-nos a Orar
por
Paulo Cesar Bornelli

“A oração não se mostra verdadeira quando Deus escuta o que se lhe pede. Ela é verdadeira, quando quem ora continua orando, até que seja ele mesmo a escutar o que Deus quer. Quem ora de verdade, nada mais faz senão escutar.” [1]

Teocêntricos ou antropocêntricos?

Se você quiser saber o conceito que um povo tem de Deus, preste atenção nas suas orações e nos seus cânticos. Pois é impossível ter um conceito correto de Deus revelado nas Escrituras e orar, cantar e adorar de maneira errada. Como sabemos, a teologia precede a ética, ou seja, o nosso comportamento, os nossos valores e prioridades são reflexos ou expressões do conceito que temos de Deus e da vida. Portanto, quanto mais conhecermos pelas Escrituras o Deus que se revelou na Pessoa de Jesus Cristo, quanto mais conhecermos o seu ser, os seus atributos, isto determinará a nossa maneira de orar, cantar e adorar a Deus.

Pode-se questionar: Seria possível adorar de maneira errada? Jesus disse que sim. Quando do seu encontro com a mulher samaritana, ele afirmou: “Vós adorais o que não conheceis.” Jo 4:22. Creio que um dos atributos de Deus que permeia todos os demais e que determina nosso relacionamento com Ele, através da oração e cânticos, é a soberania de Deus. Entretanto, a tendência hoje no meio cristão, é engrandecer o homem e degradar a Deus, chegando mesmo quase a divinizar o homem e humanizar a Deus. Pregamos um Deus limitado pela autonomia humana e, no dizer de R. K. Mc Gregor Wright, “Um Deus limitado pela autonomia humana, não é capaz de satisfazer as necessidades de um mundo perdido.”[2] Esta luta teve origem no Éden, quando Satanás fez o homem duvidar da palavra e do caráter de Deus. O homem perdeu o conceito correto da soberania de Deus, perdeu a visão de Deus como criador, e dele como criatura, levando-o a acreditar que poderia ser como Deus, que ele também é um ser autônomo. Essa luta entre o teocentrismo e o antropocentrismo, tem permeado toda a história humana. A. W. Pink diz: “Em toda a cristandade, com exceção que quase não pode ser levada em conta, mantém-se a teoria de que o homem determina a própria sorte e decide seu destino, através do seu “livre arbítrio”.”[3] Basta que prestemos atenção na maioria dos livros evangélicos escritos sobre oração, na maioria dos sermões pregados nas igrejas, nas letras dos cânticos, que iremos comprovar a triste realidade da centralidade humana

Uma reciclagem necessária

A soberania de Deus sempre foi o tema central de toda a bíblia. Seu primeiro versículo proclama esta verdade: “No princípio criou Deus”. Veja ainda Is. 45:5-7; Dn 2:20,22; 4:34,35; I Cr 29:10-17; Rm 9: 14-26; Ap 4:11. A soberania de Deus sempre foi o tema de Paulo, Agostinho, dos pré-reformadores, dos reformadores, Lutero, Calvino, Zuinglio, sempre foi tema dos puritanos, e o tema central da teologia reformada. Portanto, somente uma reciclagem nesta verdade suprema poderá mudar nossas mentes, nossos conceitos, e conseqüentemente, nossas orações e cânticos. É de suma importância que aprendamos a orar e cantar com a Bíblia.


Orações na bíblia- Busca de uma vontade soberana
Vale a pena lermos e meditarmos a respeito do conteúdo das orações que a Bíblia registra. Veja Salomão orando- I Rs 3:5-10; 8:22-61. Examine a oração de Ezequiel no templo, II Rs 19:15-19; Is 37:14-20. Observe a visão da soberania de Deus e dos decretos eternos que tinha Davi, através da sua oração em II Sm 7:18-24; I Cr 17:16-27. Descubra o processo do trabalhar de Deus na vida de Jó, para que ele se dobrasse diante da soberania de Deus e aprendesse a orar. Veja sua oração no cap. 42: 1-6. Também podemos aprender a orar com o profeta Jeremias, reconhecendo a Deus como criador dos céus e da terra e como sustentador de tudo, Jr 32:16-25. Observe a oração de Daniel no exílio, Daniel capítulo 9, como também a oração de Esdras no capítulo 9, são orações que exaltam a soberania de Deus, seu plano eterno, orações que justificam a fidelidade, a misericórdia de Deus, que reconhecem a culpa humana. Todos eles oravam baseados na palavra, nas promessas de Deus, buscavam a vontade de Deus.
No Novo Testamento vamos encontrar também magníficas orações, a começar por aquela que Jesus ensinou atendendo ao oportuno pedido de seus discípulos, conhecida como a “Oração do Pai Nosso”, Mt. 6:9-13. Nela vemos delineados os princípios da oração e podemos dizer que todas as orações verdadeiras sem dúvida terão os princípios revelados nela, pois é uma oração teocêntrica, onde o tema principal é o Reino de Deus estabelecido na terra, através do seu nome santificado e a sua vontade feita na terra como é feita nos céus. Temos também em Mt. 26:36-44 a oração de Jesus no Getsêmani, onde Ele deixa vazar seu coração como homem e se coloca diante do Pai apresentando a sua vontade, mas se submete à vontade soberana de Deus. Temos ainda no capítulo 16 do evangelho de João, a conhecida oração sacerdotal, onde Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, revela toda a sua missão de salvar os eleitos para Deus, deixando claro que Ele veio para um povo específico, e que Ele não somente tornou possível a salvação deste povo, mas que cumpriu o propósito eterno de Deus salvando realmente o seu povo. O verso 4 diz: “Eu te glorifiquei na terra consumando a obra que me confiaste para fazer.”
Jesus ensinou os seus discípulos a respeito do plano eterno e soberano de Deus, e eles passaram estas verdades aos primeiros cristãos. É o que podemos ver em Atos 4:23-31, quando a igreja primitiva está em oração. Eles começaram proclamando a soberania de Deus como criador e senhor de tudo. No verso 28 eles declaram que tudo o que aconteceu com Jesus fazia parte do propósito predeterminado por Deus. Podemos também ver a importância da visão correta da soberania de Deus, nas orações de Paulo, tanto pela igreja de Éfeso, Ef. 1:15-23; 3:14-21; como pelas demais igrejas, Cl 1:9-12; Fp 1:9; I Ts 3:11... Paulo sempre orava para que o Espírito Santo abrisse os olhos espirituais dos irmãos, dando-lhes sabedoria para compreenderem a vontade de Deus. Os textos demonstram claramente que a visão que Paulo possuía da soberania de Deus e do mistério que lhe fora revelado, determinavam suas orações.

Como oravam os pais da igreja?

A história da igreja é testemunha de irmãos que através dos séculos, deixaram registradas suas orações manifestando de forma maravilhosa, esta visão correta a respeito de Deus e seu propósito. Um livreto que muito tem me ajudado e que eu aconselharia ao leitor adquirir, é uma coletânea de orações dos 20 séculos de história da igreja, intitulada: “Orações do povo de Cristo”, Editora Sinodal e Encontrão Editora. Neste livreto foram selecionadas as principais orações de cada século, orações feitas por irmãos que marcaram sua geração, creio que iremos aprender a orar com eles. Em todas estas orações podemos ver algo em comum: A visão correta da soberania de Deus e do seu eterno propósito. Eles sempre oravam para conhecer mais a Deus e pediam graça para realizar a sua vontade. Também creio ser indispensável meditar em outra obra sobre oração, intitulada: “Orando com os salmos”, do escritor alemão Dietrich Bonhoeffer, Encontrão Editora. Neste livro o autor nos ajuda a entender que a Bíblia é a palavra de Deus a nós, mas que os salmos são orações humanas inspiradas por Deus e dirigidas a Ele.


Dificuldades no aprendizado

Hoje temos muita dificuldade para aprender a orar. Achamos que por sabermos falar, sabemos orar; e muitas vezes, nossas orações se assemelham mais as orações dos “gentios que não conhecem a Deus, e pensam que pelo muito falar serão ouvidos.” Mt 6:7,8. A falta de revelação de quem é Deus, e quem somos nós, nos conduz a grandes erros na oração. Ouça o conselho de Salomão em Ec 5:2: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras.” Pior do que não orar é orar errado, é mais fácil ensinar quem não sabe orar do que quem já aprendeu errado. Bonhoeffer, nos ajuda entender isso, quando afirma: “Dizer que o coração é capaz de orar por natureza, é no entanto um equívoco perigoso, se bem que amplamente difundido na cristandade de hoje. Neste caso nós confundimos desejar, esperar suspirar, lamentar ou jubilar (de tudo isto nosso coração é capaz) com orar. Confundimos a terra com o céu, o ser humano com Deus. Orar não significa simplesmente derramar o coração, mas significa encontrar-se com o coração saturado ou vazio, o caminho para junto de Deus, e falar com Ele. Disto porém homem algum é capaz, para poder fazê-lo necessitamos de Jesus Cristo.” [4]


O que é orar em nome de Jesus?
Para muitos, o nome de Jesus é uma senha que abre os cofres do céu, ou uma chave que abre o coração de Deus. O nome de Jesus se torna como que uma “fórmula mágica”. Na realidade, a falta de um entendimento correto do que significa orar em nome de Jesus, tem sido fator determinante de tanta confusão com respeito a oração. Orar em nome de Jesus é orar a vontade dele, e orar a oração dele é orar junto com Ele. Vejamos ainda o que Bonhoeffer afirma a este respeito: “A verdadeira oração é, portanto, a palavra do Filho de Deus, que vive conosco, dirigida a Deus o Pai na eternidade.” [5] Os verdadeiros mestres da oração nos ensinam esta verdade, só podemos orar juntamente com Jesus. Nossas orações devem ser conseqüência da palavra de Deus que deve habitar ricamente em nosso coração desordenado. Devemos sempre nos perguntar: Jesus faria a oração que estou fazendo? Será que estou orando em seu nome, ou em meu próprio nome? As minhas orações são antropocêntricas ou Teocêntricas? Estou desejoso de que o nome de Deus seja santificado na terra? Que o seu reino cada vez mais seja uma realidade cada vez maior em minha vida, em minha casa e na sua igreja? Estou desejoso de que a sua vontade seja manifestada através da vida do seu povo aqui e agora? Quando examinamos nos evangelhos a vida de Jesus, percebemos que este sempre foi o seu desejo, a santificação do nome do seu pai, a manifestação do Reino de Deus na terra, e chegou mesmo a afirmar que a sua comida e a sua bebida era fazer a vontade de Deus. Que Deus nos dê graça para amarmos a sua vontade e que as nossas orações cada vez mais sejam determinadas pelo conceito que temos do plano eterno de Deus.

Orando segundo a vontade de Deus

A eficácia da nossa oração, não está na quantidade de oração que fazemos, mas sim o quanto as nossas orações estão de acordo com a vontade de Deus. Muitas vezes, pensamos: Se Deus é soberano e a sua vontade será feita, será que a oração tem algum valor? Pois como sabemos, Deus jamais fará qualquer coisa contra a sua própria vontade. Poderíamos perguntar: Se é da sua vontade realizar algo, porque necessitamos orar? Se não orarmos, Ele não irá realizar a sua vontade? Se isto é verdade, será que a vontade de Deus está limitada por nossas orações?

A Bíblia nos ajuda a compreender o mistério da oração, pois ela deixa bem claro que o Deus que determina os fins também determina os meios pelos quais a sua soberana vontade será realizada. Portanto, a verdadeira oração não é um meio para fazer Deus concordar conosco, mas um meio para desejarmos e orarmos a vontade de Deus. Deus poderia cumprir sua vontade sozinho, mas preferiu nos incluir no seu plano. Assim como a pregação da palavra de Deus é um meio para que os eleitos sejam salvos, assim também a oração é um meio para que a vontade de Deus seja feita. O próprio Jesus nos ensinou a orar: “Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”. A verdadeira oração aqui na terra, nada mais é do que o expressar a vontade de Deus no céu. A oração não altera o que Deus já determinou, mas é o meio de realizar o que já foi preordenado. Não é a terra que comanda os céus, como muitos pensam, mas os céus comandam a terra. Quando nossas orações são determinadas pela palavra de Deus, ele nos ouve. Veja o que diz João 15:7: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” O Espírito Santo trabalha a palavra de Deus na nossa mente, mudando os nossos conceitos, e consequentemente, os nossos desejos, e então começamos a orar a vontade de Deus. I João 5:14 confirma esta verdade: “E esta é a confiança que temos para com Ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” O ministério do Espírito Santo é realizar a vontade de Deus, jamais Ele irá contra o plano eterno e predeterminado por Deus. Romanos 8:26,27 nos esclarece que o desejo do Espírito é a vontade de Deus. “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercedo por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que Ele intercede pelos santos.” Somente tendo a nossa mente renovada pela palavra de Deus é que seremos transformados, teremos os nossos desejos mudados, pois não pensamos o que pensamos porque desejamos o que desejamos, mas desejamos o que desejamos porque pensamos como pensamos. Somente a palavra de Deus pode mudar os nossos pensamentos para podermos crer que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável.

O segredo da oração: Saber ouvir
Por mais estranho que nos pareça, o grande segredo para orar corretamente é saber ouvir, e não, saber falar. Assim como uma criança aprende a falar por ouvir o seu pai falar, nós aprendemos a orar, quando aprendemos a ouvir o falar de Deus. Deus nos fala através de sua palavra. A bíblia é o falar de Deus a nós na pessoa de seu Filho, portanto ela deve ser a base principal de nossa oração. É muito importante aprendermos a orar e cantar a palavra de Deus. O salmo primeiro nos diz que o varão bem aventurado é aquele que tem prazer de meditar na palavra de Deus de dia e de noite. Para ouvir precisamos ficar em silêncio e querermos ouvir “quem tem ouvidos para ouvir ouça”. Se o pior cego é aquele que não quer ver, o pior surdo é aquele que não quer ouvir. O silêncio muitas vezes nos assusta, pois o que mais nos perturba não é o barulho de fora, mas o de dentro, e muitas vezes até buscamos barulho exterior para não ouvirmos o interior. Mas na realidade, há uma grande ligação entre o silêncio e a oração.

Oração é relacionamento
Deus é um ser relacional, e nos criou à sua imagem e semelhança, portanto o relacionamento é um fator primordial em nossa vida. O nosso relacionamento com Deus determina nossa saúde emocional, reorganiza nosso mundo interior e determina os nossos relacionamentos pessoais. Os dez mandamentos não são nada mais do que princípios de relacionamentos. Os quatros primeiros são princípios para nos relacionarmos com Deus, e os seis últimos, princípios para nossos relacionamentos com o próximo. Orar nada mais é do que relacionamento com Deus, é um encontro pessoal e íntimo, que nos transforma cada vez mais à mesma imagem dele. II Co 3:17,18.
Nossa oração não pode ter o objetivo de fazer Deus funcionar para nosso uso, como se ele fosse um computador ou um eletro-doméstico. A verdadeira oração tem como objetivo relacionamento e intimidade, como disse Clemente de Alexandria: “Orar é manter a companhia com Deus.” [6] Na verdade nós não nos realizamos com oração, mas em Deus. A oração é um meio, e não um fim em si mesma. A verdadeira oração cristã deve ser trinitária, isto é, orarmos ao Pai, através ou em nome do Filho, mediante o Espírito Santo.
Nunca devemos pensar na oração como um meio de conquistar nossos desejos desordenados. Tiago 4:3 nos diz: “Pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” A falta de visão da oração como relacionamento nos conduz ao erro de procurar métodos e técnicas para extrairmos o máximo de Deus. Muitos cursos e ensinamentos de oração parecem nos ensinar como tirar o melhor proveito de Deus. Hoje, somos uma geração de consumo, temos uma mente secularizada, por isso a oração se transformou em um meio de resolver problemas e obter conquistas. Pensamos na oração como um meio de mudar a vontade de Deus. Soren Kierkegaard diz: “A oração não transforma Deus, mas transforma aquele que ora. Não oramos a fim de informar a Deus, como se ele ignorasse os eventos e aquilo que estamos pensando ou sentindo. Antes oramos dizendo: “seja feita a tua vontade”.”
O maior desejo de Deus não é nos dar coisas, mas o maior bem para nós na mente de Deus é nos conformar à imagem de seu Filho (Rm 8:28,29). Somente através desta transformação é que encontraremos nossa verdadeira humanidade, pois a intimidade com Deus nos libertará de nossas trevas interiores e deixaremos de ser superficiais. A superficialidade é a maldição da nossa geração, somos obcecados pelo exterior, somos colecionadores de coisas, e acabamos por nos “coisificar”. Temos medo da oração, porque temos medo de nos conhecer, pois na luz de Deus temos luz, e diante da luz tudo se manifesta. Orar é estar nu diante de Deus, é estar vazio, totalmente dependente da graça. Orar é reconhecer nossos limites, nossa finitude, e reconhecer que somos barro nas mãos do oleiro. Orar é uma demonstração de fé. James Houston diz: “Viver sem orar é finalmente desacreditar de Deus, é perder de vista os mais importantes valores humanos, tal como a fé, a esperança e o amor.” [7]
Na oração enfrentamos uma verdadeira batalha espiritual: usar Deus para fazer a nossa vontade, ou render-nos à vontade do Pai. Na oração buscamos graça para crermos que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. Quando deixamos o terreno da graça, corremos o risco de, baseados em nossa própria justiça, orarmos como o fariseu de Lucas 18:11: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais...”, e mal sabia ele que orava de si para si, e não foi justificado. Deus usa sua palavra e nossos momentos de oração para esquadrinhar nosso coração e nos revelar nossos motivos distorcidos, nossas trevas interiores. Deus não se relaciona conosco com intenções utilitárias ou para nos fazer funcionar, mas também não permite que nos relacionemos com Ele assim.

O Espírito e a oração

A Bíblia afirma que nós não sabemos orar como convém, mas que o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26,27). A verdadeira oração não está baseada em nosso intelecto, mas em um coração quebrantado e contrito. Quando oramos somente com nosso intelecto, somos tentados a dar direção a Deus, a aconselhá-lo como agir. Mas Deus pelas suas muitas misericórdias usa vários meios para nos quebrantar, para tratar com nosso coração altivo. Muitas vezes, nos coloca em túneis escuros para que aprendamos a orar de verdade, para nos ensinar a depender do Espírito Santo. Geralmente nestas horas de profundas crises, nossa boca se cala, mas nosso coração se abre; nossos ouvidos se aguçam e nós paramos de ensinar a Deus, e nos colocamos como aprendizes, como aconteceu com Jó: “Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia..., Eu te perguntarei, e tu me ensinarás.” (Jó 42:3). O propósito final de Deus foi levar Jó a uma intimidade de relacionamento, não apenas ter informações sobre Deus, não apenas ouvir falar de Deus, mas ver a Deus; e quando isso acontece, quando através da intimidade nós começamos a ter uma revelação real de Deus, nossa reação é semelhante a de Jó, diante de tanta sabedoria e poder, só nos resta nos abominarmos e nos arrependermos no pó e na cinza; e por incrível que pareça, é um momento de terror, mas de profunda alegria também, muitas vezes de medo, mas de plenitude, pois aprendemos que orar é intimidade, é andar com Deus, é um relacionamento amoroso, que nos gera uma real alegria, e como diz o Senhor: “Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor” (Jr 9:24).

Nesta escola da oração nós nunca nos diplomamos, mas pelo contrário, cada vez mais clamamos: “Ensina-nos a orar”.



Bibliografia

1 - Orar com o coração – Edições Paulinas – p. 24

2 - A Soberania Banida – R. K. Mc Gregor Wright – Edit. Cultura Cristã – p. 9
3 - Deus é soberano – A.W. Pink – Editora Fiel – p. 9
4 - Orando com os salmos – Dietrich Bonhoeffer – Editora Encontrão – p. 10
5 - Ibid, 13
6 - Orar com Deus – James Houston – Abba Press Editora – p. 7
7 - Ibid, 15 

Paulo Cesar Bornelli é Presbítero da Comunidade Cristã de Maringá - Pr

Fonte: Revista "Pensador Cristão", Dezembro/2002.


Deus Perdoa Pecadores - W. E. Best - Capítulo 4 - O PERDÃO ETERNO DE DEUS Marcos 2:1-11Sou Perdoado - Paulo Junior



Deus Perdoa Pecadores
por
W. E. Best

Capítulo 4 - O PERDÃO ETERNO DE DEUS
Marcos 2:1-11



Estes são os três aspectos do perdão de Deus dos pecadores a quem Ele elegeu para a salvação: (1) perdão eterno, (2) perdão restaurador, e (3) perdão governamental. O perdão eterno ocorre na regeneração. O perdão restaurador está relacionado com aqueles que são eternamente perdoados – toda pessoa salva pela graça de Deus necessita de limpeza contínua. O perdão governamental é para os filhos de Deus que têm pecado e sidos restaurados à comunhão.
A condição de toda pessoa fora de Jesus Cristo é descrita em Efésios 2:1-3. Não obstante, Deus intervém e eternamente perdoa aqueles que Ele elegeu para salvação: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Efésios 2:4,5). O fundamento para esse perdão é o sangue de Jesus Cristo (Efésios 1:7).
Davi, um filho de Deus, clamou ao Senhor por perdão restaurador, reconhecendo que ninguém pode estar na presença do Senhor se Deus observar as iniqüidades (Salmos 130:3). “Mas contigo está o perdão...” (Salmos 130:4). Notai, contudo, que o pecado não está necessariamente terminado quando é confessado e quando o pecador está restaurativamente perdoado. Davi cedeu a sua carne quando cometeu pecado com Batseba e mandou matar Urias; portanto, ele experimentou o perdão governamental. A espada nunca se apartou de sua casa (2 Samuel 12:10). Exatamente assim, embora o sangue de Jesus limpe de todo pecado, se uma pessoa semeia na carne, ela ceifará corrupção. “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gálatas 6:8).
O Senhor Jesus tem o poder para perdoar pecado. Ele falou ao paralítico, dizendo, “perdoados estão os teus pecados” (Marcos 2:5). Os escribas sabiam que somente Deus poderia perdoar pecado, mas eles não reconheceram a deidade de Jesus Cristo (vv. 6,7). É belamente apropriada que a designação do Filho do homem seja usada nesta passagem: “o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados...” (v. 10). O Salvador teve poder para perdoar pecados não somente como o Filho de Deus mas como o Filho do homem que veio a ser o Fiador dos eleitos. O Filho eterno de Deus assumiu uma natureza humana e lhe foi dado o título “Filho do homem”. Ele foi mais do que “um” filho do homem. Ele foi “o” Filho do homem. “Deus com sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados” (Atos 5:31). Jesus não livra o pecador por um exercício simples de Sua própria autoridade. Isto violaria as obrigações da lei e as demandas da justiça e da santidade. O Senhor Jesus Cristo pagou a penalidade pelo pecado. Ele cumpriu a lei e satisfez a justiça e a santidade.
Os escribas acusaram ao Senhor de blasfêmia (Marcos 2:7) porque não reconheceram que Ele era o Filho eterno de Deus. Porém, porque Jesus Cristo é o mediador entre Deus e o homem, Ele não foi blasfemo. Se Ele não tivesse sido divino, a acusação deles teria sido verdadeira. Para ajudar aos homens a fazer a tremenda equação entre o Homem Jesus Cristo e a Deidade, Cristo realizou um milagre para provar que Ele era o Deus-Homem.
Alguns erroneamente interpretam João 20:23 – “Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos”. Eles crêem que essa passagem ensina que alguns homens têm o poder para perdoar pecado. Uma pessoa deve observar a partir do contexto deste verso que o Senhor estava se dirigindo aos Seus discípulos antes que o Espírito Santo viesse em sua presença habitadora no dia de Pentecoste. Aos discípulos não foi lhes dado o poder para eficazmente ou automaticamente remitir pecado; eles podiam somente declarativamente remiti-lo. Nenhum homem jamais teve o poder para perdoar eficazmente ou autoritativamente pecado. Somente Deus o pode fazer. Sob a lei, o sacerdote somente pronunciava a limpeza de um leproso limpo. O sacerdote era o representante de Deus sobre a terra para declarar que Deus havia limpado o leproso. Da mesma forma, os ministros do Novo Testamento somente pronunciam que os pecados de um crente penitente foram perdoados pelo soberano Deus.
O perdão divino é o eterno e imutável plano de Deus. Ele não é um ato de simpatia excitada. O perdão do homem, por outro lado, é geralmente excitado por simpatia para com o ofensor.
O perdão divino é irreversível, sem limitação. Todo pecado que um Cristão pudesse cometer está abundantemente perdoado pelo Senhor. Em contraste com isto, o perdão do homem é limitado; não é um plano irreversível.
O perdão divino ocorre dentro de um crente – a graça opera uma mudança em seu coração. O perdão do homem, contudo, é externo ao ofensor.
Quando Deus perdoa, Ele esquece o pecado do homem perdoado. Com o homem, o esquecimento é um defeito; contudo, com Deus ele é um atributo. Deus nunca compara Seu perdão com o perdão humano. Em vez disso, a Escritura declara que Ele lança o pecado da pessoa perdoada para trás das Suas costas, tão longe como o oriente está do ocidente, e lança o pecado nas profundezas do mar (Salmos 103:12; Isaías 38:17; Miquéias 7:19). O perdão divino supera tanto o perdão humano que nenhuma analogia humana o pode ilustrar.
Não lembrança de pecado implica em perdão disso: “de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais” (Hebreus 8:12). O perdão de Deus é tão completo que Ele o descreve como não lembrando o pecado, as iniqüidades e as transgressões do homem perdoado. Com Ele o perdão é equivalente ao esquecer o pecado de uma pessoa. Ele não guarda lembrança dele em Sua mente; Ele não pensa sobre os pecados de Seu povo. Sua iniqüidade é removida, e o justo Juiz não tem memória judicial dele.
O homem, contudo, exercita sua memória para meditar sobre as coisas assentadas em sua mente. Ele pode quase esquecer uma certa coisa, mas então, algum incidente ocorre e ele traz o evento de volta a sua mente.
O perdão divino significa que Deus nunca buscará alguma expiação adicional: “Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado” (Hebreus 10:18). Deus nunca castigará novamente o que Ele já castigou. O que Ele esqueceu, não pode ser relembrado.
Aqueles que não sustentam a teologia Bíblica dizem que qualquer pai perdoaria seu filho. Esta declaração está baseada num conceito mal entendido e mal aplicado da paternidade de Deus e da irmandade do homem. Duas falhas são evidentes nesta visão liberal. Primeiro de tudo, Deus não é o Pai de todos os ímpios rebeldes que estão pecando. Segundo, Deus é mais do que um Pai criativo de indivíduos.
Um ser privado pode perdoar um erro privado, irrespecitvamente do assentamento de juízo. Contudo, Deus é o grande Governador público do universo. O pecado contra Seu governo não pode ser perdoado aparte de sacrifício. O perdão não indica remissão de castigo. Jesus Cristo foi castigado no lugar dos elegidos nEle. Ele se tornou o Fiador para aqueles que o Pai Lhe deu no pacto da redenção.
Todo recipiente da graça sabe que o perdão de Deus é aquele da reconciliação. As Escrituras não afirmam que Deus perdoa porque Ele é amoroso e misericordioso. Elas testificam que Ele é fiel e justo, e Ele perdoa sobre esta base. A justiça de Deus deve ser satisfeita, e é satisfeita na Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Deus perdoa em amor porque Ele perdoa em justiça.
O perdão gracioso harmoniza com a ira do Soberano. O pecado deve ser castigado, e a ira de Deus deve ser derramada. Jesus Cristo foi feito uma oferta pelo pecado; Ele esteve no lugar de pecadores, sofrendo o justo castigo deles.
O perdão da graça harmoniza com o amor do Santo Pai. Visto que a justiça foi satisfeita no sacrifício de Cristo, o amor pode ser estendido aos eleitos de Deus, e a misericórdia pode operar para trazê-los a Cristo.
O verbo grego para perdão significa enviar adiante ou enviar para fora. O substantivo grego indica demissão ou liberação. O perdão divino capacita o crente saber, com plena segurança da fé, que seus pecados são perdoados. Abraão, Davi e Ezequias são três santos do Antigo Testamento que sabiam que seus pecados foram eternamente perdoados (veja Romanos 4; Salmos 32; Isaias 38).
Da mesma forma, todo pecador arrependido pode saber que seus pecados foram perdoados. A graça de Deus reina, e as riquezas da graça são demonstradas no divino perdão. Ele é absolutamente perfeito. O seguinte o faz assim: (1) O pecador arrependido é perdoado completamente. (2) Ele é livremente perdoado. (3) Ele é eternamente perdoado. (4) O perdão se estende a todos por quem Cristo morreu. (5) O perdão é pela fé, sem nenhuma condição executada pelo pecador. (6) Ele é absolutamente irreversível. Um pecador que sabe que ele foi eternamente perdoado, evitará o antinomismo. Ele deseja agradar a Deus e não a si mesmo.

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto


Tome o Jugo de Cristo - Josemar Bessa



Quanto Custa ser um Cristão? - J. C. Ryle - John Piper - Sacrificio Cristão Radical



Quanto Custa ser um Cristão?
por
J. C. Ryle



“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?” (Lucas 14:28)

Este versículo é de grande importância. Poucas são as pessoas que não têm freqüentemente de fazer esta pergunta: “Quanto custa?”. Ao comprar um terreno, ao construir uma casa, ao mobiliar as habitações, ao fazer planos para o futuro, ao decidir a instrução e estudos dos filhos, etc., seria sábio e prudente que nos sentássemos a considerar com calma os gastos que tudo isso implicaria. As pessoas evitariam muitas moléstias e dores se ao menos fizessem a pergunta: “Quanto custa ser um crente verdadeiramente ser santo?” Estas perguntas são decisivas. Por não havê-las formulado desde um bom princípio, muitas pessoas que pareciam iniciar bem a carreira cristã, mais tarde mudaram seu rumo e se perderam para sempre no inferno.
Vivemos em tempos muito estranhos. Os acontecimentos se sucedem com extraordinária rapidez. Nunca sabemos “o que o dia nos trará”, quanto mais o que nos trará o ano! Nos nossos dias vemos muitos fazerem confissões de sua religiosidade. Em muitas partes do país as pessoas expressam vivo desejo de seguir um curso de vida santo e um grau mais alto de espiritualidade. É muito comum ver como as pessoas recebem a Palavra com alegria, porém depois de dois ou três anos se afastam e voltam a seus pecados. Há muitos que não consideram o custo de ser um verdadeiro cristão e um crente santo. Nossos tempos requerem de um modo muito especial que paremos e consideremos o custo e o estado especial de nossas almas. Este tema deve preocupar-nos. Sem dúvida o caminho da vida eterna é um caminho delicioso, porém seria loucura de nossa parte fechar os olhos ao fato de que se trata de um caminho estreito e que a cruz vem antes da coroa.

1) O que custa ser um verdadeiro cristão?
Desejo que não haja mal entendidos sobre este ponto. Não me refiro aqui ao quanto custa salvar a alma do crente. Custou nada menos do que o sangue do Filho de Deus ao redimir o pecador e livrá-lo do inferno. O preço de nossa salvação foi a morte de Cristo na cruz do Calvário. Temos “sido comprados por preço”. Cristo derramou o seu sangue em favor de muitos”(Marcos 14:241 Co.6:20). Porém não é sobre este tema que versa nossa consideração. O assunto que vamos tratar é distinto. Refere-se ao que o homem deve estar disposto a abandonar se deseja ser salvo; ao que deve sacrificar se se propõe a servir a Cristo. É neste sentido que formulo a pergunta: “Quanto custa?”.
Não custa grande coisa ser um cristão de aparência. Só requer que a pessoa assista aos cultos do domingo, duas vezes e durante a semana seja medianamente moralista. Este é o “cristianismo” da grande parte dos evangélicos da nossa época. Se trata, pois, de uma profissão de fé fácil e barata; não implica em abnegação nem sacrifício. Se este é o cristianismo que salva e o qual nos abrirá as portas da glória ao morrermos, então não temos necessidade de alterar a mundana descrição do caminho da vida eterna e dizer: “Larga é a porta e largo é o caminho que conduz ao céu”.
Porém, segundo o ensino Bíblico, custa caro ser cristão. Há inimigos que vencer, batalhas que evitar e sacrifícios que realizar; deve-se abandonar o Egito, cruzar o deserto, carregar o peso da cruz e tomar parte na grande caminhada. A conversão não consiste em uma decisão tomada por uma pessoa, em um confortável sofá, para logo em seguida ser levado suavemente ao céu. A conversão marca o início de um grande conflito, e a vitória vem após muitas feridas e contendas. Custa se obter a vitória. Daí concluirmos a importância de calcularmos este custo.
Tratarei de demonstrar de uma maneira precisa e particular o que custa ser um verdadeiro cristão. Suponhamos que uma pessoa esteja disposta a servir a Cristo e se sente impulsionada e inclinada a segui-lo. Suponhamos que como resultado de alguma aflição, de uma morte repentina, ou de um sermão, a consciência de tal pessoa tem sido avivada e agora se dá conta do valor da alma e sente o desejo de ser um verdadeiro cristão. Sem dúvida alguma, todas as promessas do Evangelho se lhe resultarão alentadoras; seus pecados, por muitos e grandes que sejam, podem ser perdoados; seu coração por frio e duro que seja, agora pode ser mudado; Cristo, o Espírito Santo, a misericórdia, a graça, tudo está à sua disposição. Porém, ainda, tal pessoa deveria calcular o preço. Vejamos uma por uma, as coisas que deverá desejar, ou, em outras palavras, o que lhes custará ser cristão

A) Custará sua Justiça Própria
Deverá abandonar o orgulho e a auto-estima de sua própria bondade; deverá contentar-se com o ir ao céu como um pobre pecador, salvo pela gratuita graça de Deus e pelos méritos e justiça de outro (Jesus). Deverá experimentar que “tem errado e se tem desgarrado como uma ovelha”; que não tem feito as coisas que deveria ter feito e feito coisas que não deveria; deve confessar que não há nada são nele. Deve abandonar a confiança em sua própria moralidade e respeitabilidade, e não deve basear sua salvação no fato de que tem ido à igreja, tem orado, tem lido a Bíblia e participado dos sacramentos do Senhor, mas que deve confiar, única e exclusivamente na pessoa e obra de Cristo Jesus.
Isto parecerá muito duro a algumas pessoas, porém não me surpreende que seja assim. “ Senhor - disse um lavrador, temeroso homem de Deus, a James Hervey - é mais difícil negar o nosso EU orgulhoso, que nosso EU pecador. Porém é absolutamente necessário que o neguemos . Aprendamos, pois, de uma vez por todas, que ser um verdadeiro cristão custará a uma pessoa perder sua justiça própria.

B) Custará seus pecados
Deverá abandonar todo hábito e prática que sejam maus aos olhos de Deus. Deve virar o seu rosto contra o pecado, romper com o pecado, crucificar o pecado, mesmo contra a opinião do mundo. Não pode estabelecer nenhuma trégua especial com nenhum pecado que amava antes da sua conversão. Deve considerar a todos os pecados como inimigos mortais de sua alma e odiar todo caminho de falsidade. Por pequenos ou grandes, ocultos ou manifestos que sejam os pecados, deve renunciar completamente a todos eles. Sem dúvida estes pecados tentarão vencê-lo, porém jamais poderá ceder. Sua luta contra o pecado será continua e não admitirá trégua de nenhum tipo. Está escrito: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes...”. “cessai de fazer o mal” (Ez.18:31; ls.l:16).
Isto também parecerá muito duro para muitas pessoas; e vemos que freqüentemente nossos pecados são mais queridos do que nossos próprios filhos. Amamos o pecado, o abraçamos com todo nosso ser, nos agarramos a ele, nos deleitamos nele. Separar-nos do pecado é tão duro como separar-nos da nossa mão direita, e tão doloroso como se nos arrancassem um olho. Porém devemos separar-nos do pecado; não há outra alternativa possível. “Ainda que o mal lhe seja doce na boca, e ele o esconda debaixo da língua, e o saboreie, e o não deixe, antes o retenha no seu paladar.. “ ,sendo este o caso, devemos apartá-lo de nós si em verdade desejamos ser salvos (Jó 20:12-13). Se desejamos ser amigos de Deus, devemos primeiro romper com o pecado. Cristo está disposto a receber os pecadores, porém não aqueles que se agarram a seus pecados. Anotemos pois, também isto: o ser cristão custará a uma pessoa seus pecados.

C) Custará seu amor à vida fácil.
Para correr com êxito a corrida ao céu se requer esforço e sacrifício. Haverá de velar diariamente e estar alerta, pois se encontrará em território inimigo. Em cada hora e em cada instante deverá vigiar sua conduta, sua companhia e os lugares que freqüenta. Com muito cuidado haverá de dispor de seu tempo e vigiar sua língua, seu temperamento, seus pensamentos, sua imaginação, seus motivos e sua conduta em suas relações diárias. Terá que ser diligente em sua leitura da Bíblia, em sua vida de oração, na maneira como passa o Dia do Senhor e participa dos meios de graça. Certamente que não poderá conseguir perfeição em todas estas coisas, porém mesmo assim, não pode descuidar-se. “O preguiçoso deseja, e nada tem, mas a alma dos diligentes se farta” (Pv.13:4).
Também isto parece duro e difícil. Não há nada que nos desagrade tanto como as dificuldades na nossa confissão religiosa; por natureza evitamos as dificuldades. Secretamente desejaríamos que alguém pudesse cuidar de nossas obrigações religiosas e que desempenhasse por procuração nosso cristianismo. Não está de acordo com o nosso coração tudo aquilo que implique em esforço e trabalho; porém sem dor não há lucro para a alma. Deixemos bem firmado este fato: o ser cristão custará a uma pessoa seu amor pela vida fácil.

D) Custará o favor do mundo.
Se deseja agradar a Deus deve saber que será depreciado pelo mundo. Não deve estranhar se o mundo o engana, lhe ridiculariza, se levanta calúnias contra você e o persegue e o odeia. Não deve se surpreender se as pessoas o depreciam e com desdém condenam suas opiniões e práticas religiosas. Deve resignar-se a que o acusem de tolo, entusiasta e fanático, e inclusive que distorçam suas palavras e representem falsamente suas ações. Não se surpreenda de que o tachem de louco. O Mestre disse: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão vossa” (Jo.15:20).
Também isto parece duro e difícil. Por natureza nos desagrada o proceder injusto e as acusações falsas. Se não nos preocupa a boa opinião dos que nos rodeiam deixaríamos de ser de carne e osso._Sempre resulta desagradável ser o alvo de criticas injustificadas e objeto de mentira e falsas acusações; porém não podemos evitá-lo. Do cálix que bebeu o Mestre também devem beber seus discípulos. Estes devem ser “...desprezado, e o mais rejeitado entre os homens... (Is.53:3). Anotemos, pois, o dito: ser cristãocustará a pessoa o favor do mundo .
Esta é, pois, a lista do que custará a uma pessoa ser cristã. Devemos aceitar o fato de que não é uma lista insignificante. Nada podemos riscar dela. Resultaria uma temeridade fatal se defendesse por justiça própria, os pecados, o amor à vida fácil, o amor ao mundo e crer que vivendo assim poder-se-ia salvar-se.
A realidade é esta: custa muito ser um verdadeiro cristão. Porém, que pessoa, no sentido pleno, pode dizer que este preço é demasiado elevado pela salvação da alma? Quando o barco está em perigo de afundar-se, a tripulação não vacila em lançar ao mar a preciosa carga. Quando a gangrena envolve a extremidade de um membro a pessoa se submeterá a qualquer operação, inclusive a amputação deste membro. Com maior motivo, pois, o crente está disposto a abandonar qualquer coisa que se levante entre sua alma e o céu. Uma religião que não custa nada, nada vale. Um cristianismo barato - sem a cruz - cedo ou tarde manifestará sua inutilidade; jamais levará a posse da coroa. Sem cruz não há coroa

II) A Importância de Calcular o Custo.
Facilmente poderíamos resumir o assunto estabelecendo o princípio de que nenhuma das obrigações prescritas por Cristo pode ser descuidada sem grande prejuízo para a alma. São muitos os que fecham os olhos para a realidade da fé salvadora e evitam considerar o quanto custa ser cristão. E para ilustrar o que digo eu os poderia descrever o triste fim daqueles que, ao declinar seus dias, se dão conta desta realidade e fazem esforços espasmódicos para voltar-se para Deus. Porém, com grande surpresa se dão conta de que o arrependimento e a conversão não eram tão fáceis como haviam imaginado e que custa “uma grande soma” ser um cristão. Descobrem, também, que os hábitos do orgulho e a indulgencia pecaminosa, junto com o amor a vida fácil e mundana, não podem abandonar-se tão facilmente como haviam pensado. E assim, depois de uma débil luta, caem em desespero a abandonam este mundo sem esperança, sem graça e sem estar preparados para comparecer diante de Deus. Em suas vidas alimentaram a idéia de que o assunto espiritual poderia ser solucionado prontamente e facilmente. Porém abrem seus olhos quando já é demasiado tarde e descobrem, pela primeira vez na vida, que estão indo para perdição por não haver antes “calculado o custo”.
Porém, há uma classe de pessoas as quais quero dirigir-me ao desenvolver esta parte do tema. E um grupo numeroso e que espiritualmente está em grande perigo. Tratarei de descrever estas pessoas e ao fazê-lo agucemos nossa atenção. Estas pessoas não são, como as anteriores, ignorantes do evangelho; não, ao contrário: pensam muito nele; não ignoram o conteúdo da fé; conhecem bem os esquemas da revelação. Porém, o grande defeito das tais pessoas é que não estão “arraigadas nem fundamentadas na fé”. Com muita freqüência o conhecimento religioso destas pessoas é de segunda mão; têm nascido de famílias cristãs, têm-se educado em uma atmosfera cristã, porém nunca têm experimentado em suas vidas as realidades do novo nascimento e a conversão. Precipitadamente e talvez por pressões diversas, ou pelo desejo de ser como os demais, têm feito profissão de fé e se tem unido a membresia de alguma igreja, porem sem haver experimentado uma obra da graça em seus corações. Estas pessoas estão em uma posição perigosíssima e são as que mais necessitam da exortação de calcular o custo de serem verdadeiros cristão
Por não haver calculado o custo um grande número de israelitas pereceu miseravelmente no deserto entre o Egito e Canaã. Cheios de zelo e entusiasmo abandonaram a terra de Faraó e parecia que nada poderia pará-los. Porém, tão logo encontraram perigos e dificuldades no caminho, seu calor não tardou em esfriar-se. Nunca pensaram na possibilidade de que pudessem surgir obstáculos. Pensavam que em questão de dias entrariam na posse da terra prometida. E assim, quando pelos inimigos, privações, sede e fome, foram provados, começaram a murmurar contra Moisés e contra Deus e desejaram voltar ao Egito. Em uma palavra: “não calcularam o custo” e em conseqüência morreram em seus pecados.
Por não haver calculado o custo, muitos dos seguidores de Jesus voltaram suas costas “... e já não andavam com ele” (JO.6:66). Quando pela primeira vez viram seus milagres e ouviram sua pregação, pensaram: “O Reino de Deus virá a qualquer momento”. Se uniram ao número dos apóstolos e, sem pensar nas conseqüências, o seguiram. Porém se deram conta de que se tratava de doutrinas duras de crer, e uma obra dura de realizar, e de uma missão dura de se levar a termo, sua fé se desmoronou e nada ficou da mesma. Em uma palavra: não pararam para “calcular o custo”, por isso naufragaram na sua profissão de fé cristã.
Por não haver calculado o custo, o rei Herodes voltou outra vez a seus velhos pecados e destruiu a sua alma. Desfrutava ouvindo a pregação de João Batista. O admirava e considerava um homem justo e santo, e inclusive o ouvia “de boa mente” . Porém, quando se deu conta de que devia abandonar a sua favorita Herodias, sua profissão de fé religiosa se desvaneceu por completo. Não havia pensado nisto; não havia “calculado o custo” (Marcos 6:20)..
Por não haver calculado o custo, Demas abandonou a companhia de Paulo, abandonou o evangelho, deixou a Cristo e perdeu o céu. Por longo período de tempo com o grande apóstolo dos gentios e se converteu em um dos seus companheiros de trabalho. Porém, quando se deu conta de que não podia participar da companhia do mundo e de Deus ao mesmo tempo abandonou o cristianismo e se uniu ao mundo. “Demas, tendo amado o presente século” - nos diz Paulo - “me abandonou... “ (II Tm.4: 10). Não havia calculado o custo.
Por não haver calculado o custo milhares de pessoas que têm sentido uma experiência religiosa sob a evangelização de famosos pregadores naufragam espiritualmente. Se excitam e emocionam e chegam a pensar que experimentaram uma obra genuína de conversão; porém, na realidade não tem sido assim. Receberam a Palavra com alegria tão espetacular que inclusive surpreenderam os crentes experimentados. Com tal entusiasmo falavam da obra de Deus e das coisas espirituais que os crentes mais velhos chegavam a envergonhar-se de si mesmos. Porém, quando a novidade e o frescor de seus sentimentos se dissiparam, uma repentina mudança lhes sobreveio e demonstraram que na realidade não eram mais do que corações de terreno pedregoso em que a Palavra não pôde lançar raízes profundas.“O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo antes de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza” (Mt.13:20-21). Pouco a pouco se derrete o céu de tais pessoas e seu amor se esfria. Por fim chega o dia quando seu assento na igreja está vazio e já nada se sabe deles. Por que? Porque não “calcularam o custo”.
Por não haver contado o custo, milhares de pessoas que professaram ser salvas em reuniões de avivamento, depois de um tempo voltam ao mundo e são motivo de vergonha para o evangelho. Começam com uma noção tristemente equivocada do que seja o verdadeiro cristianismo. Imaginam que a fé cristã não é mais que uma “decisão por Cristo”, uma mera experiência de certos sentimentos de alegria e paz. Logo que se dão conta de que têm de carregar uma pesada cruz no peregrinar até o céu, de que o coração é enganoso e de que o diabo está sempre ativo, se decepcionam e esfriam e retornam a seus velhos pecados. Por que? Porque nunca chegaram a saber o que é o cristianismo da Bíblia. Nunca aprenderam a calcular o custo.
Por não haver calculado o custo, freqüentemente os filhos de pais crentes dão um pobre testemunho do que é o cristianismo e são motivo de afronta para o evangelho. Desde a infância se familiarizaram de uma maneira teórica com o conteúdo do evangelho. Têm aprendido de memória longas passagens da escritura e têm assistido com certa regularidade a Escola Dominical, porém na realidade nunca têm pensado seriamente no que têm aprendido. E quando as realidades da vida começam a fazer-se sentirem suas vidas, com grande assombro por parte dos membros da congregação, estes filhos de crentes abandonam toda religião e submergem de cheio no mundo. Por que? Porque nunca chegaram a entender seriamente os sacrifícios e conseqüências que uma profissão de fé séria o cristianismo exige. Nunca se lhes ensinou a calcular o custo.
Estas verdades são tão solenes como dolorosas, porém são verdades e põem em relevo a importância do tema que estamos considerando. São considerações que põem de manifesto a absoluta necessidade que têm todos aqueles que professam um desejo profundo de santidade, de fazer-se a pergunta: Quanto custa?
Melhor iriam as coisas em nossas igrejas se ensinassem a seus membros a calcular o custo que implica a profissão de fé cristã. A maioria dos líderes religiosos dos nossos dias dão mostras de uma impaciente pressa nas coisas do evangelho. Parece que o único grande fim a que se propõem é a conversão instantânea das almas, e em torno disto centralizam seus esforços. Esta maneira tão parcial e vazia de ensinar e apresentar o cristianismo é funesta.
Não interpretem mal o que digo. Eu aprovo inteiramente que se ofereça a salvação de uma maneira imediata, gratuita e completa em Cristo. Aprovo plenamente que se chame com urgência os pecadores a que se convertam imediatamente depois de se ouvir a mensagem de salvação. E a estas coisas não cedo o primeiro lugar. Mas condeno a atitude e o proceder de alguns que apresentam estas verdades por si só, isoladas e sem relação às demais verdades de todo conselho de Deus. Além destas verdades, com toda honestidade devemos advertir os pecadores das obrigações que impõe o serviço a Cristo e o que implica sair do mundo. Não temos direito de forçá-los a entrar no exército de Cristo, se antes não os temos advertido e prevenido da magnitude da batalha cristã. Em uma palavra: devemos adverti-los do custo de ser um verdadeiro cristão.
Não foi esta a maneira de proceder do nosso Senhor Jesus? O evangelista Lucas nos diz que, em certa ocasião “Ora, ia com ele uma grande multidão; e voltando-se, disse-lhes: Se alguém viera mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo”(Lc. 14:25-27). Francamente, não se pode reconciliar esta passagem bíblica com a maneira de proceder de muitos mestres religiosos da nossa época; no que a mim concerne, a doutrina do mesmo é clara como a luz do meio dia. Esta doutrina ensina que não temos que forçar os pecadores a uma precipitada confissão de fé cristã, sem antes não os termos advertido claramente da necessidade que têm de calcular o custo.
Lutero, Latimer, Baxter, Wesley, Whitefield, Rowland HilI, e outros, procederam segundo a maneira pela qual defende este texto. Todos estavam bem cientes do caráter enganoso do coração humano; e sabiam bem que não é ouro1 tudo que reluz, que a convicção não é conversão, que a emoção não é fé, que o sentimento não é graça, que não é de todo botão que provém fruto. “Não vos enganeis - era o grito constante destes pregadores - pensai bem no que fazeis; não corrais antes de haverdes sido chamados; calculem o custo!”.
Se desejamos fazer o bem, não nos envergonhemos de seguir as pisadas do nosso Senhor Jesus Cristo. Exortem as pessoas a que considerem seus caminhos. Obrigue-os com santa violência a que entrem e participem do banquete a que se entreguem completamente a Deus. Ofereça-os uma salvação gratuita, completa e imediata. Insta-os uma e outra vez a que recebam a Cristo na plenitude de seus benefícios. Porém, em tudo, diga-lhes a verdade, toda a verdade! Alguns pregadores se utilizam de atos vulgares para recrutar adeptos. Não fale somente do uniforme, do soldo e da glória, fale também dos inimigos da batalha, da armadura, das sentinelas, das marchas, e dos exercícios. Não apresente apenas uma parte do cristianismo. Não esconda a cruz da abnegação, que todo peregrino cristão deve levar, quando falar da cruz sobre a qual Cristo morreu para nossa redenção. Explique com detalhes tudo o que a1, profissão de fé cristã implica. Rogue com insistência várias vezes aos pecadores que se arrependam e corram para Cristo; porém, insista, ao mesmo tempo, a que se sentem e calculem o preço.

III) Sugestões para Ajudar a Calcular Corretamente o Custo.
Mencionarei alguns fatores que sempre influenciam nos nossos cálculos para saber o custo do verdadeiro cristianismo. Considere com calma e equilíbrio o que se tem de deixar e o que se tem de provar para chegar a ser discípulo de Cristo. Não esconda nada, considera tudo. E logo, faça as seguintes somas, tendo o cuidado de repassá-las bem para não haver equivoco, pois o resultado correto dos mesmos é alentador:
  1. Conte e compare os benefícios e as perdas que um discipulado verdadeiramente cristão contém. Muito possivelmente perderás algo deste mundo, porém ganharás a salvação da alma imortal. Está escrito: “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc.8:36). 
  2. Conte e compare os elogios e censuras, se é que és um cristão verdadeiro. Muito provavelmente terás de sofrer as reprovações do mundo, porém, terás a aprovação de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. As censuras vêm dos lábios de pessoas equivocadas, cegas e falíveis; a aprovação vem do Rei dos reis o Juiz de toda a terra. Está escrito: “Bem-aventurado sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt. 5:11-12). 
  3. Conte e compare os inimigos e amigos. Por um lado tens a inimizade do diabo e dos maus; por outro, tens o favor e a amizade de Cristo Jesus. Os inimigos, quando muito, podem produzir-te alguns arranhões, pode rugir forte e rodear a terra e o mar para tratar de arruinar a tua alma; porém não pode de modo nenhum destruí-la. Teu Amigo é poderoso para salvar-te eternamente. Está escrito: “Digo-vos, pois, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer” (Lc. 12:4-5). 
  4. Conte e compare a vida presente e a por vir . A vida presente não é fácil; implica em vigilância, oração, luta, esforço, fé e labor; porém, só é por poucos anos. A vida vindoura será de descanso e repouso; a influência do pecado já terá terminado e satanás estará acorrentado. E, ah! será um descanso para toda eternidade. Está escrito: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para noS eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentado nós nas cousas que se vêem; porque as cousas que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (2 Co.4:17-18). 
  5. Conte e compare os prazeres do pecado e a felicidade do serviço a Deus. Os prazeres que o homem mundano obtêm são vazios, irreais, não satisfazem. São como a fogueira que fazem os espinhos arder: range e brilha, porém, só por uns minutos, logo se apaga e desaparece. A felicidade que Cristo ou torga a seu povo é sólida, duradoura e substancial; não depende da saúde nem das circunstâncias; nunca abandona o crente, nem mesmo na hora da morte. E uma felicidade que, além disso, se verá galardoada com uma coroa incorruptível. Está escrito: “O júbilo dos perversos é breve” “Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo duma panela, tal é a risada do insensato” (Jó 20:5; Ec.7:6). Porém também está escrito: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la a dou com a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27). 
  6. Conte e compare as tribulações que o cristianismo verdadeiro implica e as tribulações que sobrevirão aos maus após a morte . A leitura da Bíblia, a oração, a luta cristã, uma vida de santidade, etc., implica em dificuldades e exigem abnegação por parte do crente. Porém não é nada em comparação com a “ira que virá” e que se desencadeará sobre os impenitentes e os incrédulos. Um só dia no inferno será muito mais intolerável que toda uma vida de peregrinação levando a cruz. O “bicho que nunca morre e o fogo que nunca se apaga” é algo que vai mais além do que a mente humana pode conceber e descobrir. Está escrito: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu em tormentos”(Lc.16:25). 
  7. Considere e compare, em último lugar, o número daqueles que se voltam do pecado e do mundo para servir a Cristo, e o número daqueles que deixam a Cristo e voltam ao mundo. Os que se voltam do pecado e do mundo para servir a Cristo são muitos; porém nenhum dos que realmente têm conhecido a Cristo voltam ao inundo. Cada ano multidões abandonam o caminho largo e tomam a senda estreita que conduza vida. Nenhum dos que andam pelo caminho estreito se cansam do mesmo e voltam ao caminho. O caminho largo registra muitas pegadas de pessoas que torceram seu rumo e o abandonaram; porém, as pegadas dos caminhantes do caminho estreito, que conduz ao céu todas seguem a mesma direção. Está escrito “O caminho dos perversos é como a escuridão”. “O caminho dos pérfidos é intransitável” (Pv.4:19; 13:15). Porém, também está escrito: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4: 18).
Estas somas e estas contas freqüentemente não se fazem corretamente; por isso há pessoas que continuamente e não podem dizer se vale a pena ou não servir a Cristo. As perdas e ganhos, as vantagens e desvantagens, as tribulações e os prazeres, as ajudas e os obstáculos, lhes dão um balanço tão igual, que não podem optar por Cristo. É que não têm feito a soma corretamente.
Como se explica o erro de tais pessoas? Se deve a uma carência de fé por sua parte. Para chegar a uma conclusão correta sobre nossas almas, devemos conhecer algo daquele poderoso princípio que Paulo menciona no capítulo 11 de sua Epístola aos Hebreus. Permitam-me demonstrar de que maneira intervém este princípio no grande “negócio” de calcular o custo.
A que se deveu o fato de Noé perseverar até o fim na construção da arca? Estava só em meio a uma geração pecadora, incrédula e havia de sofrer o opróbrio, a zombaria e o ridículo das pessoas. O que lhe deu fortaleza ao seu braço e paciência em seu labor? Foi a fé. Noé cria na ira que havia de vir; cria que só na arca poderia achar o refúgio seguro. Pela fé considerou e teve como pobre o conceito e a opinião do mundo. Pela fé calculou o custo e não duvidou de que a construção da arca significava um ganho.
A que se deveu o fato de Moisés rejeitar os prazeres do Egito e recusar-se ser chamado de filho da filha de Faraó? Como pode escolher ser maltratado com o povo de Deus e dirigir ao povo hebreu á terra da promissão, livrando-o da terra da escravidão? Segundo o testemunho do olho humano dos sentidos iria perder tudo e não ia ganhar nada em troca. O que impulsionou Moisés a agir dessa forma? Foi a fé. Ele cria que acima de Faraó havia UM maior e mais poderoso que o dirigiria e protegeria em sua grande missão. Ele tinha por maiores riquezas o vitupério de Cristo que todos os tesouros dos egípcios. Pela fé calculou o custo e “como vendo o invisível”, se persuadiu de que o abandono do Egito e o peregrinar pelo deserto era, na realidade, ganho.
Que foi que fez o fariseu Saulo de Tarso decidir deixar a religião de seus pais e abraçar o Cristianismo? Os sacrifícios e os custos que a mudança implicava eram em verdade enormes. No entanto, Paulo abandonou todas as brilhantes perspectivas que tinha entre os de sua nação; trouxe sobre si, ao invés do favor dos homens, o ódio do homem, a inimizade do homem, a perseguição do homem até a morte. A que se deveu o fato de Paulo poder fazer frente a tudo isso? Se deveu a sua fé. Ele cria que Jesus, a quem conheceu no caminho de Damasco, poderia dar-lhe cem vezes mais do que o que abandonara, e no mundo vindouro a vida eterna. Pela fé calculou o custo, e viu claramente até que lado se inclinava a balança. Cria firmemente que o tomar a cruz de Cristo sobre si era ganho.
Notemos bem todas estas coisas. A fé que fez Noé, Moisés e Paulo fazerem as coisas que fizeram, é o segredo que nos levará a conclusões corretas com respeito a nossa alma. A mesma fé tem de ser nossa ajudadora e nosso livro de contas quando nos sentamos para calcular o custo do verdadeiro cristianismo. Esta fé, se a pedimos a receberemos. “Ele dá maior graça” (Tiago 4:6). Armados com esta fé apreciaremos as coisas no seu justo valor. Cheios desta fé, nunca aumentaremos a cruz nem diminuiremos a coroa. Nossas conclusões serão todas corretas; nossa soma total não registrará erros.

Conclusão
Em conclusão desejo que consideres seriamente se tua profissão de fé religiosa te custa atualmente algo. Mui possivelmente não te custa nada. Com toda probabilidade tua religião não te custa dificuldades, nem tempo, nem pensamentos, nem cuidados, nem dores, nem leitura alguma, nem oração, nem abnegação, nem conflito, nem trabalho, nem labor de nenhuma classe. Bem, pois não te escuses do que vou te dizer: esta profissão de fé nunca poderá salvar tua alma; nunca te dará paz enquanto estás vivo, nem esperanças na hora da morte. lima religião que não custa nada, não vale nada. Desperta! Desperta! Desperta e crê! Desperta e ora! Não descanses até que possas dar uma resposta satisfatória a minha pergunta: “Que te custa?”
Pensa se é que necessitas de motivos que te estimulem mais e mais para o serviço do Senhor, pensa no muito que custou a salvação de tua alma. Considera que nada menos do que o Filho de Deus teve de abandonar o céu, fazer-se homem, sofrer a cruz, ser sepultado, para logo ressuscitar vitorioso sobre o pecado e a morte, e tudo para obter a redenção de tua alma. Pensa em tudo isso e te convencerás de que não é algo insignificante possuir uma alma mortal. Vale a pena tomar-se o incômodo de pensar sobre a esta alma tão preciosa.
Ó, homem preguiçoso! Ó, mulher preguiçosa! Te conformarás com perder o céu por mero fato de que não queres te preocupar com as coisas espirituais? Tanto te repugna o exercício e o esforço como para permitir que tua alma naufrague para toda a eternidade? Sacode esta atitude covarde e indigna! Lavanta-te e porta-te varonilmente! Que não termine o dia sem que hajas dito a ti mesmo: “Por muito que seja o custo, eu tomo a determinação de esforçar-me para entrar pela porta apertada”. Olha a cruz de Cristo e receberás alento para seguir adiante, e valor para consegui-lo. Sê sincero e realista com tua própria situação espiritual; pensa na morte, no juízo, na eternidade. Poderá custar muito o ser cristão, porém podes estar seguro de que vale a pena.
Se algum leitor realmente sente que tem calculado o custo, e tomado sobre si a cruz, eu o exorto a quepersevere e continue em frente. Talvez freqüentemente sintas como se teu coração estivesse a ponto de desfalecer, e que o ímpeto da tentação ameaça naufragá-lo no desespero. Eu te digo: persevera, segue em frente. Não há dúvida de que teus inimigos são muitos, e os pecados que te rodeiam batem com ímpeto; talvez os teus amigos sejam poucos, e o caminho íngreme e estreito. Porém, mesmo assim, nestas circunstâncias, persevera e segue adiante.
O tempo é muito curto. Uns poucos anos de vigilância e oração, uns vão e vêm sobre as ondas do mar deste mundo, umas poucas mortes a mais, umas mudanças a mais, uns poucos verões a mais, e já não haverá necessidade de muita luta.
A presença e companhia de Cristo compensará os sofrimentos deste mundo. Quando nos vemos como somos vistos, e olhamos até a nossa jornada da nossa vida, nos surpreenderemos de nossa debilidade e desmaios de coração. Ficaremos surpresos de que demos tanta importância a nossa cruz, e pensamos tão pouco em nossa coroa. Ficaremos maravilhados de que calculando o custo, chegamos até a duvidar para onde se inclinava a balança. Animemo-nos! Não estamos longe do nosso lugar eterno!


PODE CUSTAR MUITO SER UM VERDADEIRO CRISTÃO 
E UM CRENTE FIEL, PORÉM VALE A PENA!


Fonte: Jornal “Os Puritanos” Ano IV N.3.

Fonte:Monergismo 


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Mensagem do Dia

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa Deus de maneira pura, legítima e eterna. A.W.Tozer

"A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão." JOHN WESLEY"

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Alimentar-se da Palavra "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4 : 12).Erram por não conhecer as Escrituras, e nem o poder de Deus (Mateus 22.29)Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3

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